segunda-feira, 7 de março de 2011


07/03/2011 18h04 - Atualizado em 07/03/2011 18h08

Começa obra de acesso ao local onde será a hidrelétrica de Belo Monte

Prevista para ser segunda maior do país, usina é alvo de disputa judicial.
Ibama liberou canteiro de obras, mas MP questiona impactos ambientais.

Do G1, em São Paulo
Rio Xingu, no Pará, onde será construída hidrelétrica de Belo Monte (Foto: Mariana Oliveira / G1)Rio Xingu, no Pará, onde será construída hidrelétrica
de Belo Monte (Foto: Mariana Oliveira / G1)
Tiveram início nesta segunda-feira (7) as obras de acesso ao local onde será construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, segundo informações da Agência Brasil, agência de notícias feita pela estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
O engenheiro José Biagioni, da Norte Energia, consórcio responsável pela obra, disse à Agência Brasil que esta fase da obra se refere aos trabalhos autorizados na licença de instalação concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O Ibama autorizou a instalação do canteiro de obras em janeiro, mas o Ministério Público Federal (MPF) no Pará questionou que as condicionantes do Ibama para a concessão da licença ambiental, concedida no ano passado, ainda não haviam sido cumprida. Por isso, aJustiça Federal cassou a licença de instalação da obra por meio de uma liminar. No começo de março, a Advocacia Geral da União (AGU) conseguiu derrubar a liminar, o que permitiu que o canteiro começasse a ser construído.
A licença de instalação também permite, além dos canteiros, a construção da sede administrativa da obra e a construção dos acampamentos e refeitórios onde trabalharão os operários.
De acordo com o coordenador do Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu, Vilmar Soares, um grupo do Consórcio Norte Energia esteve no local da obra, onde foi colocada uma placa sobre o início dos trabalhos. Ele afirmou que o início da obra já havia sido anunciado em Altamira, cidade-sede da hidrelétrica.
"Estamos planejando visitar as condicionantes exigidas pelo Ibama em 10 dias. Nossa preocupação é com as pessoas que estão nas áreas atingidas. Somos favorável ao projeto, mas nunca de qualquer jeito. São 6 mil famílias, quase 24 mil pessoas, e ainda não ficou definido para onde vão essas pessoas. Isso pode gerar um caos social muito grande."
G1 tentou contato com a assessoria de imprensa da Norte Energia, mas não conseguiu contato por conta do feriado de carnaval.
Obra polêmica
A hidrelétrica de Belo Monte é uma das maiores obras de infraestrutura previstas pelo governo federal e também um dos projetos que enfrenta maior resistência.
Enquanto o governo diz que a obra é necessária para garantir o abastecimento de energia elétrica nos próximos anos para o país, moradores locais, entidades e especialistas destacam que os riscos ambientais e sociais podem ser mais prejudiciais do que os benefícios econômicos da obra.
A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco municípios do Pará: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.
A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu, mas teve a certeza de que o início da obra se aproximava após a concessão em fevereiro do ano passado, pelo Ibama, da licença ambiental com 40 condicionantes para redução dos impactos socioambientais.
Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal - há especulações de que a obra custe até R$ 30 bilhões. A usina está prevista para começar a operar no fim de 2014.
Apesar de ter capacidade para gerar 11,2 mil MW de energia, Belo Monte não deve operar com essa potência. Segundo o governo, a potência máxima só pode ser obtida em tempo de cheia. Na seca, a geração pode ficar abaixo de mil MW. A energia média assegurada é de 4,5 mil MW. Para críticos da obra, o custo-benefício não compensa.

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